sábado, 22 de dezembro de 2018

BOAS FESTAS


Pobre e humilde nasceu a estrela
Pequenina mas de significado profundo
Cresceu e a sua luz cintilante e bela
Infinitamente iluminou o mundo
                                                                        M. Machado 22/12/2018



Para todos aqueles que tiveram a amabilidade de visitar este blogue, agradeço-lhes o tempo e a atenção dispensados e desejo-lhes, para si e para as suas famílias, um Feliz Natal e um Prospero Ano Novo. Que esta quadra festiva e a sua Luz, nos renove, nos dê a paz e nos guie por serenos caminhos em 2019. 


sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Coisas do Outono


Neste ultimo dia de Outono, em que o "General Inverno" bate à porta para anunciar o seu Solstício e desalojar  o (que deveria ser) bonançoso Outono, o dia amanheceu cinzento, frio e chuvoso, com  uma morrinha de "molha-tolos" (e finos também). Para lembrar que a maior parte dos dias desta estação não foram como o de hoje e alegrar o estado de espírito, deixo aqui algumas fotografias captadas durante esta bonita estação do ano


As horas de luz do sol diárias vão diminuído e a clorofila das folhas também.  Nas folhas das videiras de uvas brancas, o verde vai desaparecendo para dar lugar  aos tons dourados, semelhantes aos bagos dos esquecidos gaipelos. (Nome por que são designados aqui na região, os cachos  de uvas muito pequenos, com poucos bagos).   



Nos prados mais soalheiros, o Açafrão Bravo deleita-nos o olhar, quando forma  lindos tapetes  de rosa, ouro e verde. 


O meu azevinho de folhas variegadas, embora sendo ainda de tamanho reduzido, já começa a produzir poucas mas lindas bagas encarnadas, lembrando que o Natal e o fim do Outono está próximo.


Nas minhas caminhadas pela bouça perto da casa onde moro, encontrei esta curiosa espécie de fungo  gelatinoso, que cresce na madeira morta. Penso que o seu  nome é Tremella foliácea.



Na mesma bouça, mas perto do muro de separação do meu quintal, cresce este pequeno carvalho que sendo vitima da picada de um insecto, produziu este lindo bugalho para se defender, proporcionado ao insecto que o picou e depositou nele um ovo, a continuidade da sua descendência.


As flores das camélias, são belas. Parecem rosas no Inverno, mas sem os seus espinhos e sem o seu perfume. Esta é uma flor da minha" japoneira" de flores reticuladas e  abundantes. Começa a florir no Outono e prolonga-se pelo Inverno. Com a sua abundante floração e a queda das peta atapeta o chão de rosa  dando cor e alegria ao meu pequeno e caótico jardim.


Ao andar despreocupado pelo meu pequeno jardim, por vezes sinto no rosto, os fios mais longos que as aranhas estendem, para fixar as suas teias. Felizmente reparei nesta bonita aranha, (devido ao seu tamanho), que ente os vários nomes vulgares, também se chama, aranha-de-cruz ou aranha-dos-jardins. Felizmente esta pôde continuar sossegada (e eu também) na sua teia, à espera que chegue a sua próxima refeição. 


Na mesma bouça a que aludi anteriormente, crescem estes bonitos cogumelos silvestres da família Agaricaceae, conhecidos comercialmente como  Macrolepiota. Já li informação de que esta espécie tem variedades comestíveis e venenosas. Para quem gostar de comer cogumelos, o meu conselho é o de comer as variedades de cultura, que se vendem no comércio. Conforme a região do país o nome popular desta espécie vai variando, por aqui têm o nome comum que se dá a todos os cogumelos: Tartulhos.  


Para terminar, uma foto de um dia de Outono com o sol no seu ocaso.  Da minha casa vejo a aparente  deslocação diária do ocaso, de noroeste para o oeste. Nesta imagem, o sol tem o seu ocaso,  já perto do limite da distancia que vai percorrendo no horizonte, quando de põem diariamente, desde o Equinócio da Primavera, até ao Equinócio do Outono. A partir de hoje a sua deslocação do ocaso será feita em sentido contrário. Esta  aparente deslocação é derivada do movimento de translação da terra, em volta do sol.

Um poema sobre o outono 

No Ciclo Eterno

No ciclo eterno das mudáveis coisas
Novo inverno após novo outono volve
À diferente terra
Com a mesma maneira.
Porém a mim nem me acha diferente
Nem diferente deixa-me, fechado
Na clausura maligna
Da índole indecisa.
Presa da pálida fatalidade
De não mudar-me, me infiel renovo
Aos propósitos mudos
Morituros e infindos.
Fernando Pessoa / Ricardo Reis

 Fonte da imagem e poema: cdeassis.wordpress.com                                                         

domingo, 21 de outubro de 2018

Amigos do quintal

Em Outubro ou secam as fontes ou passa a água por cima das pontes.

Provérbio popular



Ouriço cacheiro


Frequentemente, ao inicio da noite, vem visitar o meu quintal um Ouriço Cacheiro. Mais raramente, este simpático visitante, também aparece durante o dia, como aconteceu quanto tirei estas fotos.  Este animal, foi muito rápido a movimentar-se e desaparecer, pelo que me foi difícil obter uma foto da sua simpática cara (focinho). Estes furtivos amigos do hortelão, são frequentadores do meu quintal há vários anos, ajudando-me a controlar entre outros nocivos do quintal, as lesmas e os caracóis. Penso que não será sempre o mesmo, pois já os vi de tamanhos diferentes. Como em média sobrevivem três anos, e podem chegar aos dez é provável que sejam vários a visitar o meu quintal. 


Este facto leva-me a crer, que deve ser uma família com "residência" na bouça, perto do meu quintal.
Por vezes, quando à noite estou no exterior da minha casa e oiço o restolhar da vegetação, munido de uma lanterna, procuro e normalmente encontro sempre um ouriço na azafama da busca de comida. Porque gosto destes simpáticos animais, fico contente quando os encontro.  


Quando as minhas filhas eram pequenas e frequentavam o infantário, certa manhã, encontrei um ouriço bem grande, apanhei-o, acomodei-o numa caixa de cartão e levei-o aquando a elas para o infantário. Quando coloquei a caixa no chão da sala com todas as crianças ao redor e a abri, houveram reacções de medo, espanto, curiosidade, admiração e muita alegria. 


Depois de uma pequena palestra sobre o ouriço, levei-o e devolvi-o à natureza no mesmo local, com um sincero pedido de desculpa, pelo provável stress causado. Certamente desculpou-me, porque deve ter compreendido que foi por uma boa causa. Fiz isto, para que as crianças que naquela idade provavelmente nunca tinham visto um animal daqueles, o pudessem ficar a conhecer e a respeitar.

Foto: freeimages.com
As principais causas de morte dos ouriços, são os atropelamentos e a fome durante a hibernação. Também servem de alimento a alguns animais, como texugos, raposas, martas e outros carnívoros e algumas aves de rapina. Quando se sente ameaçado, enrola-se ficando imóvel em forma de uma bola, escondendo as partes desprovidas de espinhos, só se desenrolando quando sente que o perigo já passou.


Há já algum tempo, fiz uma formação na área da cerâmica. No final, fomos convidados a  realizar um trabalho individual, para oferecer à orientadora da formação. Como podem ver na foto acima realizada por uma colega, eu optei por fazer um ouriço cacheiro, (na foto ainda sem os "espinhos")  com interacção entre dois materiais: barro e madeira. 


Nesta foto realizada pela mesma colega, podemos ver o ouriço terminado. Foi grande a satisfação da orientadora, quando lhe ofereci e entreguei o trabalho terminado. 
A enorme quantidade de ouriços e de sapos mortos e espalmados nas nossas estradas, são o reflexo de um país com uma maioria de população, insensível, egoísta e indiferente à natureza que a rodeia. Esta maioria, quando conduz veículos automóveis é incapaz de fazer um pequeno desvio para evitar a morte destes animais. Tristemente, uma parte desvia-se, mas para cima do animal. Porque muitas estrada foram e ainda são construídas atravessando os seus habitats e locais de procriação, separando-os, estes e outros animais deveriam ter em certos locais protecções e passagens próprias, para que não tivessem necessidade de atravessar as faixas de rodagem, que são para eles autenticos matadouros. 


Mas para não falar só de coisas espinhosas, deixo aqui uma foto das minhas flores silvestres, capturada no verão, com uma flor de Nigella e uma flor de Calystegia, que eu julgava ser uma Ipomea, mas não é.


E porque a seguir ao pôr do sol vem sempre uma noite e um dia a seguir, aqui fica um magnifico pôr-do-sol, com o monte de Santa Tecla em fundo, capturado desde a minha casa.


segunda-feira, 8 de outubro de 2018

ALMINHAS



"Ó tu mortal que vais passando
lembra-te das almas
que no purgatório estão penando".

Esta é uma quadra que frequentemente se vê nas diversas construções de alminhas, que ladeando caminhos ou em encruzilhadas por Portugal fora, vão chamando a atenção de quem passa, lembrando-nos que a nossa existência, não se resume unicamente aquilo que é material. Como todas as outras, a minha paróquia também têm as suas alminhas. A sua construção, talvez de meados do século vinte, em forma de uma micro-capelinha, bonita, de estilo refinado, edificada em pedra lavrada de granito azul, implantada no centro de um entroncamento, tem um formato triangular o que a torna muito singular, pois tem cada uma das três faces, viradas para as três estradas que a ladeiam. 
Passava diariamente perto dela e num dia de Agosto, vi-a rodeada por um bonito tapete azul de flores de agapanto, o que foi para mim uma inspiração, que tentei retratar numa tela da melhor forma que sei. 

As alminhas da minha paróquia

Finalidade das alminhas

As milhares de alminhas edificadas e dispersas pelo país, são representações de arte popular. Toscas ou trabalhadas a primor, têm todas a mesma finalidade: Confrontar os vivos que passam, apontando-lhes a relativa fragilidade da vida e o peso inevitável da morte. Têm também o conceito cristão, de lembrar as almas dos defuntos, pedindo para elas, as orações dos fieis ainda vivos. 


Trabalho com o fundo da paisagem concluído.
As alminhas, são monumentos de uma das expressões mais originais da arte popular portuguesa. De grande valor cultural, expressam a religiosidade do nosso povo. Muito se escreveu sobre estes populares monumentos. A seguir transcrevo excertos de textos sobre este tema, publicados no blogue: snpcultura.org

Aqui com as folhas dos agapantos e algumas flores por terminar

Portugal é o único país do mundo que possui no seu património cultural, localizadas habitualmente à beira de caminhos rurais e em encruzilhadas, as alminhas, representações populares das almas do Purgatório que suplicam rezas e esmolas e que frequentemente surgem em micro-capelinhas, padrões, nichos independentes ou incrustados em muros ou nos cantos de igrejas, painéis de azulejo ou noutras estruturas independentes."

Trabalho concluído
Tela 50 x 50 com tinta de óleo

"As alminhas são uma criação genuinamente portuguesa e não há sinais de haver este tipo de representação das almas do Purgatório, pedindo para os vivos se lembrarem delas para poderem purificar e "subir" até ao Céu, em mais lado nenhum do mundo a não ser em Portugal", afirma António Matias Coelho, professor de História, investigador de manifestações da cultura religiosa e popular
."


Pormenor
"São frutos de uma época em que se vivia devagar, mas de modo mais intenso, calcorreavam-se caminhos rurais de pé posto, junto aos quais se "plantavam" muitas alminhas, e se votava tempo aos antepassados com o temor reverencial de que a morte seria comungada por todos os vivos."

Manuel Fernandes Vicente, In Público, 02.11.2009




domingo, 30 de setembro de 2018

A SOMBRA DA TERRA

Em certas manhãs de céu limpo, quando saía para o exterior da minha casa, um pouco antes de o sol nascer, eu reparava que no horizonte do lado oposto ao nascer do sol, se formava uma faixa de cor azul ardósia, esbatendo-se para uma tonalidade rosada, que por sua vez se esbatia no azul celeste do firmamento. 

A lua, de manhã, perto do seu ocaso sobre a sombra da terra, vista da minha casa
Aquela faixa de cores e nuances que se esbatem e se ligam entre si, tem uma beleza intrigante que me despertava a curiosidade e me levava (e leva) a fotografa-la, especialmente quando a lua de manhã na deslocação para o seu ocaso, vai ao seu encontro e desaparece no horizonte por detrás dela.

Imagem: http://www.sulinformacao.pt
Sei agora, que esta faixa que vai diminuindo e desaparece quando o sol nasce, é a  sombra da terra, projectada no único suporte suficientemente grande para a conter: a própria atmosfera.

Imagem: http://www.sulinformacao.pt
A sombra da Terra é rodeada por um halo rosado, vulgarmente conhecido como “cintura de Vénus” ou “arco anti-crepuscular”, por oposição ao arco crepuscular que se desenvolve no horizonte por cima do Sol, pouco depois do seu ocaso ou pouco antes do seu nascimento. Esta luminosidade rosada difunde-se na atmosfera e provém da luz do Sol que se põe, ou que nasce, passando sobre as camadas gasosas que se encontram muito por cima de nós.

A lua de manhã, entre a sombra da terra e a cintura de Vénus
Devido às muitas partículas em suspensão, a nossa atmosfera pode funcionar como um enorme ecrã que se estende por todo o horizonte.

LOVE BIRD

Por falar em horizonte, num destes dias que passaram, saí fora de casa e quando estendi o olhar,  chamou-me imediatamente a atenção esta colorida ave,  que se encontrava empoleirada nos ramos de um carvalho e que julgo ser um Agapornis. Fez-me imaginar uma chama viva, flamejando na ponta daquele ramo de carvalho.

O Agapornis empoleirado  no ramo de carvalho
Esta espécie de aves é originária de África e esta é provavelmente uma que escapou de algum viveiro. Manteve-se naquele poleiro por longos minutos, lançando de vez em quando altos gorjeios, provavelmente, lamentos de solidão e chamamento. Ao fim de algum tempo, levantou voo e desapareceu. Tenho pena destas aves que não são originárias de cá, porque se não forem recolhidas, não tendo como se alimentar, morrem de fome. 

Imagem: http://www.dnatecosistemas.es
A ave que avistei perto da minha casa é muito semelhante a estas que são Agapornis Fischer Lutinos.
Os Agapornis também são chamados de pássaros-inseparáveis, pássaros-do-amor ou periquito-namorado. São aves barulhentas e activas tanto em liberdade como em cativeiro. São muito dadas a demonstrações de afecto para com membros da sua espécie e para com os seus donos humanos. 

DOURADO

Fazendo parte da família mais numerosa dos seres vivos, os insectos são fundamentais para a sobrevivência da humanidade. São os animais mais abundantes, bem sucedidos e distribuídos entre os terrestres e, segundo estimativas, existem entre 5 e 10 milhões de espécies. Se o seu ciclo de vida é curto, em compensação multiplicam-se rapidamente.

Um escaravelho dourado  polinizando uma graminea.
Alguns destes seres apesar de minúsculos, tem papel preponderante na polinização das plantas, que na sua maioria, depende deles para isso. Sem o seu contributo na polinização, a maioria dos alimentos que nos sustentam não existiriam. A sua importância, também, se deve ao factor mais simples da natureza: a cadeia alimentar. Muitos animais como pássaros, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos alimentam-se de insectos, e portanto, sem eles estariam extintos. Estes factos, fazem com que a existência da humanidade deles dependa.

MENINA-VAI-Á-ESCOLA

Esquecidas durante a maior parte do ano e quase como num passe de magia, a Beladona floresce  entre os finais do Verão e os princípios do Outono com vistosas flores. Nas bordas dos caminhos, nos canteiros, nos jardins ou em qualquer local onde o seu bolbo possa lançar e fixar as suas raízes, como que surgindo do nada ela floresce e embeleza de tons rosados o espaço onde se encontrar

Algumas das minhas flores de Beladona
Esta planta, a Amaryllis belladonna L, conhecida pelos nomes comuns de, Beladona-falsa ou Menina-vai-á-escola, deve talvez este seu ultimo nome ao facto da sua floração coincidir com a época do inicio das aulas. 
Deve-se manusear com cuidado, pois todas as partes da planta contêm alcalóides tóxicos, sendo que a maior concentração, ocorre no bolbo e nas sementes. É uma planta que nas intoxicações graves, pode levar à morte.

Excertos de textos de: http://www.sulinformacao.pt