quarta-feira, 29 de março de 2017

A origem da palavra Mentha 01

O Olimpo

Embora o titulo do blogue, tenha sido surgido aleatoriamente, depois de nele reflectir, penso que é um bom tema para o inicio deste blogue. Por essa razão, acho que se justifica, começar nesta primeira mensagem, por abordar superficialmente, a origem da palavra Mentha. 
A palavra Mentha, nome que designa várias plantas aromáticas da família Lamiaceae, tem origem na mitologia grega e deriva de Minthe, nome de uma ninfa, que foi amante de Hades, o rei do mundo dos mortos, e que a deusa Perséfone, esposa de Hades, por ciumes transformou em planta.
Comecemos pelos acontecimentos que na mitologia grega, estão ligados à origem da palavra.

Monte Olimpo. A montanha mais alta da Grécia com 2917 metros de altitude.
Imagem: forwallpaper.com

A montanha mais alta da Grécia é conhecida como o Monte Olimpo. O motivo porque é assim chamada, deve-se ao facto de os antigos gregos, acreditarem que no seu cume, (muitas vezes acima das nuvens), se situava o Olimpo, morada dos principais deuses do panteão grego. Acreditavam os gregos, que num fabuloso palácio de cristal, habitavam os doze principais deuses da sua religião, governados pelo seu líder supremo, Zeus.

O Monte Olimpo. Provavelmente como era imaginado pelos antigos gregos.
Imagem: wwwfotolog.com

Zeus e Deméter

Zeus é o principal deus na mitologia grega. É o governante do Olimpo, rei dos deuses e dos mortais, senhor do céu, da chuva, do raio e do trovão.

Zeus, rei dos deuses, no seu trono no Monte Olimpo
Imagem: François Joseph Heim
Junto com Zeus no Olimpo, entre outros, morava também Deméter sua irmã, deusa da agricultura, da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano. 
Deméter, como deusa da agricultura, fez longas viagens com Dionísio, deus do vinho, ensinando aos homens como cuidarem da terra, das sementeiras e das plantações.

Deméter, deusa da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano.
Imagem: David Howard Johnson
Continua...



As Menthas, ontem e hoje - 1


Actualmente, a palavra Menta, serve para designar uma vasta quantidade de plantas, das quais as mais utilizadas são: A Hortelã verde, Mentha spicata L; a Hortelã pimenta, Mentha x piperita L; os Mentrastos, Mentha suaveolens L; Os oregãos, Origanum vulgare L.; o Poejo, Mentha pulegium L; a Hortelã da água, Mentha aquática L. etc... Entre outras, estas são algumas das mais conhecidas e utilizadas.
As Mentas, pertencem à grande família das lamiáceas, antiga família das labiadas. 
Lamiaceae ou Lamiaceas vem de Lamium, género botânico que compreende plantas nativas da Europa, norte de África e Ásia. Por sua vez a palavra labiadas, vem de lábios, devido à conformação e ao formato geral das suas pétalas.

Um exemplar que penso ser de Calamintha nepeta, subsp. nepeta, com as pétalas em forma de lábios. 
No reino vegetal, o género Mentha é um dos mais complexos, em resultado de cruzamentos espontâneos de espécies, que resultaram em vários híbridos. De uma maneira simples as mentas distinguem-se em dois grupos: As de caule erecto, com flores dispostas numa espiga terminal sem folhas e as rasteiras, com flores dispostas em verticilos, escalonados na axila das folhas pecioladas.

Alguns exemplares de flores da família Lamiaceae, fotografados no meu quinta e jardim.
Há suposições de que já na antiguidade os povos primitivos, utilizavam estas aromáticas com predominância para o poejo, (Menta pulegium L.), para fins medicinais e em rituais, entrançando os seus longos talos, para fazerem perfumadas coroas.
Também os chineses, na sua cultura milenar e em tempos idos, faziam a apologia das propriedades calmantes e antiespamódicas das mentas. Foram também consideradas por Hipócrates como afrodisíacas e por Plínio como analgésicas. O chã de menta é um dos mais apreciados para terminar uma boa refeição.

Chã de Menta
 Imagem: saudefortaleza.com.br
Na Grécia antiga, a hortelã verde, juntamente com o alecrim e a murta, eram usados em ritos funerários para encobrir os maus cheiros. Supõe-se também, que juntamente com água e cevada, se fabricava uma bebida psico-activa, chamada Kikeon, que aparece mencionada em textos homéricos da Ilíada. As virtudes medicinais das mentas, são praticamente semelhantes em todas e devem-se essencialmente ao mentol, que é um álcool extraído das suas essências. Há que ter cuidado na sua utilização, pois em doses excessivas, o mentol é perigoso para o sistema nervoso, podendo causar a morte.

Fonte: Segredos e virtudes das plantas medicinais, Selecções do Reader`s Digest.

Mentas e afins


Breves resumos dos usos e propriedades, de algumas das mentas e outras plantas da família das labiadas mais conhecidas e utilizadas na culinária, medicina, jardinagem, perfumaria, industria, etc...
  

A Hortelã Verde


Hortelã verde,  Mentha spicata L.
A Hortelã verde" Mentha spicata, é utilizada como tempero em culinária, como aromatizante em certos produtos alimentares, ou para a extracção do seu óleo essencial. Por vezes, simplesmente cultivada como planta ornamental. É uma das plantas mais usadas do mundo.

Flores de Hortelã verde- Mentha spicata L
É também utilizada como planta medicinal, estando inscrita nas farmacopeias de muitos países da Europa. De entre as inúmeras virtudes citadas, podem destacar-se: estimulante, estomacal, carminativo. Usado nas atonias digestivas, flatulências, dispepsias nervosas, empregado nas palpitações e tremores nervosos, vómitos, cólicas uterinas, útil nos catarros brônquicos facilitando a expectoração. O chá feito de hortelã verde, também é usado como calmante ou como vermifugo. Em geral usa-se o óleo essencial ou uma infusão das folhas e sumidades floridas. 

Fonte: Wikipédia.


Verde como a hortelã, este refulgente escaravelho, alimenta-se das suas folhas .
Em culinária, utilizam-se as folhas frescas para decorar e aromatizar vários pratos. O caldo-verde, tão típico do norte de Portugal, além de uma boa rodela de enchido, não dispensa no prato ou na tigela, algumas folhas frescas de hortelã inteiras, para enfeitar e aromatizar, ou cortadas em pequenos bocados, para dar um sabor picante e de frescura no paladar.

Malga de Caldo-Verde

Receita de Caldo-verde

Ingredientes:
  • 500 g couve galega 
  • 2 Lt água
  • 450 g de batatas
  • 1 c. sopa sal grosso
  • 2 dl azeite
  • 1 chouriço
  • Folhas de hortelã verde

Preparação:

  1. Escolha as folhas de couve, uma a uma para as limpar. passe-as por água debaixo da torneira.
  2. Enrole várias couves de cada vez e corte-as o mais fino possível.
  3. Lave-as bem até a agua deixar de ficar verde.
  4. Coloque ao lume num tacho a água e o sal. Logo que comece a ferver, coloque as batatas descascadas e cortadas em pedaços.
  5. Quando as batatas estiverem cozidas, passe-as com a varinha mágica e acrescente as couves já preparadas
  6. Junte depois o azeite e deixe levantar fervura por dois ou três minutos com o tacho destapado para que a couve não fique demasiado cozinhada.
  7. Deite o caldo numa tigela, juntando uma rodela de chouriço a gosto e uma ou duas folhas de hortelã verde inteiras, ou se preferir cortadas em pequenos bocados, para sentir o seu sabor picante.
  8. Acrescente algumas gotas de azeite. 
  9. Sirva acompanhado com broa de milho ou pão de centeio.
Conforme o gosto, há receitas que levam, as batatas uma cebola e dois dentes de alho, tudo passado pela varinha mágica.


Continua...

segunda-feira, 27 de março de 2017

PRIMAVERA

No passado dia 20 deste mês, teve inicio a primavera. Por aqui, a manhã nasceu cinzenta e pouco apelativa para caminhar. Caía uma morrinha, daquela que molha os tolos (e os finos também). Tinha chovido abundantemente durante a noite, de manhã  cedo, pareceu-me que já não chovia. As ervas,  arbustos e árvores, estavam molhadas e ainda a pingar. Como consequência, quem se metesse a caminhar pelo monte, acabaria com os pés molhados e a ideia não me agradava, mas, como era o primeiro dia da Primavera queria tiras algumas fotos para assinalar o dia. Vesti um impermeável, calcei as botas, peguei na máquina fotográfica e no cajado e saí. Andei alguns passos, ergui a cabeça e as gotas de chuva miudinha caíram-me no rosto, parei alguns segundos, dei meia volta e regressei a casa. Não me queria molhar. Descalcei as botas, guardei o impermeável, pousei o cajado guardei a máquina fotográfica e fui para as traseiras da casa onde tenho um terraço coberto, olhar para o jardim. Vi que a chuva tinha abrandado e a que caía era insignificante. Vesti novamente o impermeável, calcei as botas, peguei na máquina fotográfica e no cajado e saí novamente e desta vez fiz a caminhada. Tirei algumas fotografias que por falta do sol, não são muito do meu agrado.

O manto amarelo que cobre esta encosta deve-se à floração do Tojo 
Apesar da falta de sol, a flor do Tojo (vulgarmente conhecido como Mato), quase que resplandece nesta encosta.
Foto no primeiro dia de Primavera.

Flor do Tojo ou Mato
Outrora era muito procurado para forrar o chão das cortes, servir de cama ao gado e fazer estrume. Com ele, também se forravam os eidos das casas de lavoura, para evitar a lama provocada pelo pisoteio do gado e fazer estrume também ali. Nos dias de hoje, poucos são os agricultores que ainda o utilizam para esse fim.

Folha de eucalipto
Esta folha de Eucalipto, chamou-me a atenção pelas sua cores vibrantes e por se encontrar caída, quase no centro de uma planta de Dente-de-Leão, formando um curioso centro radial.

Flor de Urze

Flores de Urze debaixo de uma teia de aranha. Um véu com pérolas, a cobrir a tiara de uma princesa.

Tapete de Outono na Primavera
Se não fossem os verdes da folhagem que começa a despontar, podia-se dizer que estamos no Outono e não no inicio da Primavera. Gosto muito de percorrer esta pequena bouça.

Bonitos exemplares de Líquenes
Um Líquen, são dois seres, uma alga e um fungo, que vivem em simbiose, em determinados ambientes. Por outras palavras: Um casamento perfeito!
Esta fotografia mostra um líquen folioso e um líquen fruticuloso, na casca de um sobreiro.

Jacintos silvestres - Hyacinthoides paivae
Jacintos silvestres, flores de meia-sombra. Desenvolvem-se bem, entre as fendas do granito. Penso que será pelo facto, de o substrato onde crescem, ser composto maioritariamente por acumulação de detritos vegetais, sem areias, originando um substrato mais rico. As suas sementes, ficando confinadas aquele espaço, também devem contribuir para o seu aglomerado.

Flores dos jacintos
As fendas graníticas onde se desenvolvem, estão num plano mais elevado em relação ao solo circundante, por esse facto são preenchidas com detrito vegetais, que caem das árvores ou que são arrastados pelo vento e também os restos dos próprios Jacintos. As poeiras transportadas pelo vento, também contribuem para a sua composição.

Pormenor das flores
No meu tempo de infância, quando a sua floração despontava, sabia-mos que a Páscoa estava próxima.
Quando precisava-mos de cola para os trabalhos manuais, desenterrava-mos um bolbilho, fazíamos um corte ao meio, esfregava-mos nas partes a colar ...e pronto já tinha-mos cola!
Embora a sua seiva não fosse uma cola muito consistente, servia para o que era exigido naquela época.

Musgo com esporófitos.
Musgos, tapetes verdes que enfeitam e dão mais magia aos bosques. As primeiras plantas a aparecer na face da terra. Aqui podem ver-se os esporófitos que contêm os esporos para a sua reprodução. Quando crianças, chamava-mos aos esporófitos piolhos e não raras vezes, imitava-mos os adultos, esmagando-os entre as unhas dos polegares. 

quinta-feira, 23 de março de 2017

Celebração de Nossa Senhora das Candeias. 01

A origem

Celebrou-se no passado dia 2 de Fevereiro o dia de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
A tradição neste dia, mescla o sagrado com o profano, como em muitas das celebrações que acontecem nas festas e romarias de Portugal e um pouco por todo o mundo.
Segundo algumas fontes, as festividades que se realizam neste dia, tem a sua origem durante a antiguidade grega ou romana, dedicado ao deus Pã. Na Irlanda a tradição Celta, diz-nos que esta celebração, tem origem numa festa que celebrava o culto, a uma divindade da sua mitologia: A deusa Brígida. Depois da Irlanda ter sido cristianizada, este dia passou a ser dedicado a Santa Brigida padroeira da Irlanda.
A Igreja Católica celebra neste dia a festa de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
Em qualquer das tradições e das celebrações, antigas ou recentes, o motivo foi e é o mesmo: a celebração da Luz.
Sem pretensões, eis aqui um pequeno resumo de uma pesquisa feita por mim, sobre o que se publicou acerca da origem desta celebração.

Nossa Senhora das Candeias
Imagem: rezairezairezai
Sobre este dia em Portugal e segundo a tradição, diz um ditado que:
        "Se o dia de Nossa Senhora das Candeias estiver a rir, está o Inverno para vir. 
Se estiver  a chorar, está o inverno a passar".
Este provérbio dedicado a este dia pela tradição popular, quer-nos dizer que se o dia estiver solarengo, ainda vamos ter muitos dias de inverno para vir, se pelo contrário o dia estiver chuvoso, brevemente os dias de inverno cessarão e teremos dias de bom tempo, como prenuncio da Primavera.
Hoje em dia, com as actuais alterações climatéricas, tenho duvidas quanto à certeza deste provérbio.
A fazer fé na tradição, diria que em breve virá bom tempo, pois no momento em que escrevo este texto, (dia 2 de Fevereiro) chove copiosamente, com fortíssimas rajadas de vento, acompanhadas de trovoada e granizo. Devido à intensidade da chuva e do vento, a visibilidade não irá alem dos cinquenta metros. Os serviços de meteorologia, prevêem a continuação do mau tempo, com aviso vermelho para algumas regiões do país.
A tradição neste dia, mescla o sagrado com o profano, como em muitas das celebrações que acontecem nas festas e romarias de Portugal e um pouco por todo o mundo.
Sem pretensões, eis aqui um pequeno resumo feito por mim, do que se publicou sobre a origem desta celebração 

O deus Pã


Segundo algumas fontes a festividade que se realiza neste dia, remonta à antiguidade grega ou romana. Celebrava-se nesta data uma festa em  honra do deus Pã, deus dos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores.

Pã e a sua flauta
Imagem: portal-dos-mitos
Esta celebração, assinalava para os antigos povos, o fim de um ciclo de austeridade imposta pelo inverno e o inicio do ciclo da fertilidade, proporcionado pela primavera e o prenuncio de dias melhores, com o retorno dos dias maiores e com mais horas de luz do sol. Durante a celebração destas festas, à noite, os participantes percorriam as ruas e os caminhos, empunhando tochas acesas, que simbolizavam o regresso da luz do sol, entoando hinos e dançando ao redor das fogueiras, num ambiente de euforia festiva.

Celebrando a festa do inicio da Primavera
Imagem: Huffingtonpost.com
Se a tradição Greco-Romana, diz que este dia era dedicado ao deus Pã, a tradição Celta, diz-nos que esta celebração, tem origem numa festa que celebrava o culto, a uma divindade da sua mitologia: A deusa Brígida.

Continua...







quarta-feira, 22 de março de 2017

Johann Sebastian Bach


Retrato de 1748 pintado por Elias Gottlob Haussmann
Imagem: Wikimédia Commons
Celebrou-se no dia 21 deste mês, o nascimento de Johann Sebastian Bach.
Bach, nasceu no dia 21 de Março de 1685, em Eisenach, pequena povoação da Turíngia, que hoje faz parte da actual Alemanha, mas que na altura, fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico. Destacou-se como um musico de excepção do período barroco, havendo quem o considere o maior musico e compositor de todos os tempos. Foi compositor, professor, regente, cravista, mestre de capela, organista, violinista e violista. Bach, foi um dos mais prolíficos compositores do ocidente.

Vista do monumento a Bach, com a casa onde nasceu ao fundo, pintada na cor bege.
Imagem: christian-hoske.de 
Nascido numa família de longa tradição musical, precocemente mostrou possuir grande talento e cedo se tornou-se um músico completo. Contudo, as condições de vida na Turíngia daquela época, eram precárias e constantemente a região era assolada por guerras e epidemias. Com apenas nove anos perdeu a mãe e meses depois o pai. Anteriormente, tinham falecido dois irmãos. Tendo ficado órfão, foi entregue aos cuidados do seu irmão mais velho, Johann Christoph.
Christoph, foi um irmão atencioso e hospitaleiro. Bach conseguiu um emprego de cantor no coro local, contribuindo para cobrir as despesas domésticas, e ingressou na escola para continuar os seus estudos gerais, onde se revelou um óptimo aluno, ultrapassando colegas mais velhos. Ao mesmo tempo, aperfeiçoava-se na música com o irmão, e iniciava-se na composição, dedicando uma de suas primeiras peças para teclado, ao seu irmão e mentor. Em Junho de 1707, depois de se ter mudado para Mühlhausen, Bach, obteve um emprego na igreja de S. Blasius, naquela localidade.

Igreja de S. Blasius em Mühlhausen
Imagem: Wikimédia Commons
Pouco tempo depois, casou-se com a sua prima Maria Barbara em 17 de Outubro, que morreria 12 anos depois.
Deste casamento nasceram sete filhos, dos quais três, se tornaram músicos; Wilhem Friedemann, Carl Philipp Emanuel e Johann Gottfried Bernhard.
Em 3 de Dezembro de 1721 Bach casou novamente, com Anna Magdalena Wilcken, uma cantora profissional com metade de sua idade e também empregada na corte, filha de um trompetista de Weissenfels, e com quem teria treze filhos.

Palácio do antigo Ducado de Weissenfels
Imagem: Wikimédia Commons
Vários de seus filhos tornaram-se compositores reputados, e embora na sua maioria tivessem adoptado outras estéticas musicais, mantiveram o nome Bach em evidência; Carl Philipp regeu apresentações de algumas peças vocais do pai a partir de 1768, incluindo o Credo da Missa em si menor, e Wilhelm Friedemann fez o mesmo, com ainda maior assiduidade, ambos encontrando boa aceitação do público.

Magnifico vitral com o retrato de Bach na igreja de S. Tomás em Leipzig
Imagem: Wikimédia Commons
O número exacto das suas composições é desconhecido. Os estudiosos da sua obra, atribuem-lhe a autoria de mais de mil composições.
Com tão grande prestígio entre os seus admiradores, não espanta que Bach tenha sido adoptado pela cultura popular e se tenha tornado numa imagem icónica.

Retrato de Bach sobre a cauda de um avião.
Imagem: Wikimédia Commons
O impacto da sua música não se restringe somente à musica erudita, mas, tem sido adaptado tanto na musica pop, como no rock progressivo. Inúmeros arranjos foram feitos da sua música, para atender ao gosto de outras plateias, no chamado género crossover, do qual é um exemplo notório, a série de arranjos feitos por Wendy Carlos, para a trilha sonora do filme, Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick.
Cartaz de Philip Castle's para o filme, Laranja Mecânica, de Stanley Kubrik
Imageem: www.theguardian.com
Músicos populares famosos, também declararam ser de alguma forma seus devedores, como Nina Simone, Dave Brubeck, e Keith Jarrett.
Eis aqui uma ligação, para um arranjo que John Williams fez, para a sua banda de musica do género crossover,  Sky, parte 1 de 7, Tocatta: https://youtu.be/olGEi5I3Q9c

Capa do disco para o album Toccata, da banda Sky.
Imagem: www-cdandlp.com
A figura de Bach, também foi personagem de vários filmes e documentários. Entre eles: Johann Sebastian Bachs vergebliche Reise in den Ruhm (direção de Victor Vicas); Johann Sebastian Bach (direção de Lothar Bellag) e Mein Name ist Bach, (direção de Dominique de Rivaz).
Um asteróide também recebeu o seu nome.

Selo comemorativo do tricentenário de seu nascimento.
Imagem: Wikimédia Commons
A sua efígie já foi impressa em selos, moedas e medalhas, e os monumentos em sua honra continuam a ser erigidos pelo mundo.

Monumento a Bach em Xangai, China
Imagem: Wikimédia Commons
Comtemporaneamente, Bach é tido como o maior nome da musica barroca, e muitos, hoje, o vêem como o maior compositor de todos os tempos. Além de várias cantatas, entre as suas peças mais conhecidas e importantes estão:

Toccata & Fuga em Ré Menor BWV 565: https://youtu.be/drD3ob2SYz8
Passacaglia and Fugue in C minor: https://youtu.be/ChqQFyGmit4
Brandenburg Concerto No. 2: https://youtu.be/kCI5mS3eBUU
Paixão Segundo São Mateus: https://youtu.be/jm1os4VzTgA

Para quem não tem tempo ou disposição para ouvir a obra, A Paixão, Segundo São Mateus, na sua versão integral, tem aqui a ligação, para a ária:
Senhor, Tende Misericórdia de Mim: https://youtu.be/BBeXF_lnj_M 
Ainda dentro do mesmo tema o breve dueto, com vozes femininas, do momento de: A Prisão de Jesus: https://youtu.be/x69mB94G4_Y

Bach, faleceu com 65 anos em 28 de Julho de 1750 na cidade de Leipzig, actual Alemanha e foi enterrado dois ou três dias depois, no cemitério da Igreja de S. João em Leipzig.


Imagem da desaparecida Igreja de S. João em Leipzig, antes da II guerra mundial.
Imagem: Wikimédia Commons
Durante muito tempo a localização exacta da sua tumba permaneceu desconhecida, mas sobrevivia uma tradição oral, localizando-a próxima da porta sul da Igreja. Por volta de 1880, pesquisas nos arquivos da igreja, revelaram um documento, que dizia ter sido enterrado  num caixão de carvalho. Este facto limitou as buscas a apenas seis tumbas. Por fim, foi encontrado numa campa um caixão, que supostamente correspondia com as informações contidas nos arquivos da Igreja. Os restos mortais encontrados foram exumados em 1894, e a investigação anatómica conduzida pelo professor Wilhelm His, confirmou a identidade de Bach. Após a exumação, os seus restos mortais foram novamente sepultados, na Igreja de S. João, então reconstruída e ampliada.


Igreja de S. Tomáz em Leipzig
Imagem: Wikimédia Commons
Quando a igreja de S. João foi destruída durante a II Guerra Mundial, os seus restos mortais, foram transferidos para um novo jazigo na Igreja de S. Tomás, onde permanecem até hoje.

Tumulo de Bach na Igreja de S. Tomás em Leipzig
Imagem: Wikimédia Commons
Como vimos anteriormente, Bach teve com a sua primeira esposa sete filhos, mas somente quatro sobreviveram, e destes, dois fizeram carreira musical destacada: Wilhelm Friedemann e Carl Philipp Emanuel. Da segunda esposa nasceram mais treze crianças, sendo que Gottfried HeinrichJohann Christoph Friedrich e Johann Christian foram também músicos de talento. Três filhas chegaram até a idade adulta: Elisabeth Juliane Friederica, Johanna Carolina  e Regina Susanna.


Johann Sebastian Bach (esq.) e os filhos: Carl Philipp Emanuel; Johann Christian; Wilhelm Friedemann e Johann Christoph Friedrich.  Imagem: Wikimédia Commons
A Família Bach foi de grande importância na história da música aproximadamente durante duzentos e cinquenta anos, com mais de 50 músicos e vários compositores notáveis.O seu membro mais proeminente, e quiçá o mais notável compositor da história, foi Johann Sebastian Bach. A dinastia musical começou com o trisavô de Johann Sebastian, Veit Bach (nascido antes de 1545 e falecido por volta de 1576), e extinguiu-se com seu neto Wilhelm Friedrich Ernst Bach (1759 - 1845).


segunda-feira, 13 de março de 2017

Maravilhas

O mundo que nos rodeia está cheio de beleza. Para a descobrir, só é preciso olhar com atenção aos pormenores das coisas que nos cercam. Estas são fotografias tiradas no meu quintal e jardim.


Agua, elemento vital para todas as formas de vida. Em vários estados e várias formas, esta é uma das mais bonitas.
As coisa banais, também podem ser belas. Duas simples gotas de água na superfície de uma couve. Quanta perfeição! Quanta beleza!


E a flor do Crocus? Quem lhe deu esta forma e lhe pintou a suavidade da transição das suas cores, do escuro para o claro. E a diferença nos amarelos do seu estigma e dos seus estames?


Damasco! Cidade das Mil-e-Uma-Noites. Brancas, com um quase imperceptível toque de rosa, esta é a flor da árvore do fruto com a seu nome: O Damasqueiro



Da América do sul para os nossos jardins, o Solano-de-flor-azul. Quase todo o ano florido. Só faz uma curta pausa no pico do Inverno para recuperar forças e já começa a florir novamente. Mais um anuncio de que vem aí a Primavera. Com uma flor tão linda, quem diria que é primo do tomate e da batata?


Pêssego, revestido de veludo, de aromas do oriente e de sabor de mistérios. Os pêssegos são tão bons! Esta é a flor de uma das muitas variedades. Aonde irá, de pérolas enfeitadas?




terça-feira, 7 de março de 2017

Passado, Presente

Maurice Ravel

Maurice Ravel em 1925
Imagem: wikimédia Comoons

No dia 7 de Março de 1875 em Ciboure nos Pirinéus franceses, nasceu um menino que viria a ser um dos mais brilhantes músicos de França: Maurice Ravel.

Casa onde nasceu Maurice Ravel em Ciboure
Imagem: wikimédia Comoons
Comemora-se hoje, o 142º aniversário do seu nascimento. Notável pianista e compositor de musica clássica, de estilo impressionista, Ravel é admirado pela agudeza de espírito, delicadeza e requinte com que compôs as sua melodias instrumentais e orquestrais. De entre a sua obra destacam-se os trabalhos: Boléro, L`Heure espangnole, o ballet Daphnis et Chloé, La Valse e a ópera Lènfant et les sortiléges. 


Maurice Ravel  ao piano, aconpanhado de vários amigos entre eles Eva Gauthier e George Gershwin
 Imagem: wikimédia Comoons
A sua obra, Boléro, é ainda hoje, uma das musicas clássicas mais escutadas em França. 
Maurice Ravel viria a falecer com 62 anos, em Paris, França em 28 de Dezembro de 1937.

Aqui uma ligação para o seu Bolero, pela Orquestra Sinfónica de Londres:
https://youtu.be/dZDiaRZy0Ak?list=RDdZDiaRZy0Akhttps://youtu.be/dZDiaRZy0Ak?list=RDdZDiaRZy0Ak
Este é a ligação para o melhor das suas obras:
https://youtu.be/1_WmavzeFh4



In Memoriam




Ontem, precisava de falar com um dos párocos da minha paróquia. Consultei a folha informativa paroquial, para ver a hora a que se ia celebrar a missa e reparei no nome da pessoa por quem a missa era celebrada. Soou-me conhecido, mas que não consegui identificar com certeza. Resolvi assistir à missa fosse a intenção por quem fosse. Quando me aproximava da igreja, vi chegar uma carrinha com várias pessoas conhecidas e começou a formar-se na minha mente, a ideia, para quem era a intenção da missa a celebrar.
No fim da celebração para dissipar as minhas duvidas, perguntei a um dos familiares e meus amigos, se a missa tinha sido celebrada pelo "Zeca"e disseram-me que sim, que tinha falecido em França onde vivia e para onde tinha imigrado há muitos anos.
       Foi "apanhado muito rápido", ainda em Agosto do ano passado, veio cá para ver um irmão que está doente e agora já está ele morto! Disse-me o familiar com sentida tristeza.
No caminho de regresso a casa, recordei os dias da escola primária e o Zeca de Candoso, (era assim como o conhecia-mos). Colega da mesma "classe", de tez clara e cabelo "russo", quase sempre de sorriso no rosto e de voz um pouco pastosa, com que costumava dirigir-se a qualquer um, quando as "coisas" não lhe agradavam, com a peculiar frase: 
       Anda meu stapunte!... meu carano!... tu vais ver!
E o orgulho com que falava do "Carriço", o cavalo que a família possuía, para atrelar à carroça na quinta que fabricavam? Era só ouvi-lo!...
À muitos anos que eu deixei de o ver! Tal como muitos emigrou para França e por lá lançou raízes.
Soube que vinha frequentemente a Portugal, mas nunca o encontrei. Com a sua morte é mais um colega da escola primária que desaparece. 
Depois de reflectir sobre a sua ausência e morte, senti que mais um ramo da árvore imaginária da minha vida, foi quebrado. Um a um os ramos vão caindo e a  cada ano, a árvore vai ficando mais decrepita. Resta a consolação, de que um dia a árvore deu sementes que frutificaram. De ti  Zeca, meu amigo da infância, entre outras, ficou-me a recordação  do teu quase perene sorriso e da tua amizade.

Zeca de Candoso

Soube hoje com tristeza que partis-te.
E amargurou-me o coração.
Foste para sempre, não te despediste.
Duras são as imutáveis leis da criação.

Juventude na mala, partis-te para França.
Separou-nos a distância e o esquecimento.
Com fé e trabalho, o sonho se alcança.
Que aqui a vida não dava sustento.

Amigo das brincadeiras da escola.
Das correrias na hora do recreio.
Da pena da lousa e da sacola.
E das tropelias inocentes, sem receio.

E tu Zeca, não sendo o maior amigo.
Porque sabes, nem todos o são.
Tal como todos os outros.
Tens um lugar, no meu coração.


Manuel M. Machado 7/3/2017

Dedicada ao amigo da infância, José Manuel Pinheiro Pereira, falecido em França.



Descansa em paz, Zeca de Candoso