quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Novembro


    



    Novembro mês das almas. Lembranças...
    Que a existência não é mais que uma efemeridade.
    Nas simbólicas pétalas dos crisântemos
    Periclitantes como a vida, as lágrimas da saudade.

                                                         M. Machado 15/11/2017





quinta-feira, 28 de setembro de 2017

SETEMBRO II


Setembro, traz-me nas memórias da minha infância, entre outras, o cheiro das figueiras e o sabor doce dos figos, o perfume e as cores das flores tradicionais, que sempre havia no nosso jardim e no quintal, e que eram cuidadas pela minha mãe. O sabor agri-doce das uvas Borraçal e o sabor bem doce das uvas Vinhão. O cheiro do mosto, depois da vindima das nossas uvas. Vagamente, muito vagamente, lembro-me também dos dias de férias em criança, passados em família, na praia da Póvoa de Varzim. Doces, como a fruta bem madura, são as lembranças desses dias.

As flores


As flores da minha infância são de variedades muito antigas e populares. Naquele tempo as variedades de flores desta época do ano, pouco mais eram que estas. Não haviam muitas das variedades que há agora.
Porque foram omnipresentes na minha vida, sinceramente, acho que agora seria muito triste para mim, passar um dia sem ver flores.
Na casa onde nasci, houveram sempre; no quintal, couves para o caldo, e no jardim, flores para alegrar a casa e o próprio jardim. Rústicas, resistentes, bonitas e generosas como as pessoas daquele tempo, estas são as variedades de flores que a minha mãe semeava e cuidava e que por esta altura do ano ainda floresciam e alegravam a casa e o nosso jardim.

Cosmos
Os Cosmos nem era preciso semear-los, rústicos como são, as sementes que caiam na terra, germinavam no ano seguinte. São flores que alegram o Verão o Outono e parte do Inverno.

Cosmos amarelo-castanho
Para quebrar a hegemonia do rosa e branco, cresciam também Cosmos nas cores amarelo-castanho.

Sécias
Imagem: jparkers.co.uk
As Sécias com os seus encantadores pom-poms  e o seu forte colorido enchiam de cor,  o espaço onde cresciam.

Centaureas na cor Roxo
As Centaureas roxas, com os seu pequenos pom-poms e as suas pétalas que parecem recortadas à mão.

Cravos-jaropes
Os Cravos-jaropes (nome mais comum aqui na região), também chamados Cravos Xaropes, Cravos-da-Índia ou Tajetes, de cultivo fácil e muitas vezes espontâneos,  resplandeciam como pequenos sois, iluminando o nosso jardim.

Esporas cor de rosa

As flores das Esporas, de fragrância encantadora, simples e rústicas, com as suas cores em tons de aguarela, tinham sempre o seu lugar no nosso jardim.

Esporas azuis
As flores das Esporas têm a curiosidade de o seu centro se assemelhar à cabeça de um pequeno coelho. Por esse motivo os ingleses também chamam a esta flor Little-Bunny. E você, consegue ver a cabeça do coelhinho, com os seus dentinhos salientes?

Beladona ou Lírio de Nossa-Senhora

A Beladona ou Lírio-de-Nossa-Senhora, com os seus grandes bolbos escondidos na terra durante parte do ano,  em Setembro, aparecia como por magia do nada,  com as suas grandes flores perfumadas e em forma de cálices. Todos os anos sempre no mesmo local, anunciava que o fim do Verão estava próximo.

Fins-de-Verão
Este girassol mais pequeno, com esta bonita flor, também florescia no nosso jardim. Lembro-me que lhe chamavam Fins-de-Verão, talvez por florescer de Setembro até Outubro. O seu nome oficial é Heliantus, mas também é conhecida por Girassol-batateiro, provavelmente porque o seu rizoma é comestível e com uma consistência parecida com a da batata.

Eram estas as flores que floresciam por esta altura do ano no nosso jardim e são estas as flores que eu senti vontade de ter e tenho no meu jardim. Talvez uma forma inconsciente, de prestar homenagem à minha mãe e de suavizar a sua ausência.

Wilson Teixeira
Imagem: www.votunews.com.br

Para rematar esta mensagem sobre estas recordações do mês de Setembro, uma bonita canção, com o titulo, Flores de Setembro, interpretada pelo cantor brasileiro Wilson Teixeira, que pode ouvir clicando aqui.



quarta-feira, 27 de setembro de 2017

SETEMBRO I

Setembro, traz-me nas memórias da minha infância, entre outras, o cheiro das figueiras e o sabor doce dos figos, o perfume e as cores das flores tradicionais, que sempre havia no nosso jardim e no quintal, e que eram cuidadas pela minha mãe. O sabor agri-doce das uvas Borraçal e o sabor bem doce das uvas Vinhão. O cheiro do mosto, depois da vindima das nossas uvas. Vagamente, muito vagamente, lembro-me também dos dias de férias em criança, passados em família, na praia da Póvoa de Varzim. Doces, como a fruta bem madura, são as lembranças desses dias.
Mais recente, a memória de uma das mais bonitas canções da musica ligeira portuguesa, cantada por uma das mais bonitas cançonetista daquela época, Madalena Iglésias; "Setembro", que pode ser ouvida clicando aqui.

Madalena IgIésias
Imagem: 6.fotos.web.sapo.io
Depois desta recordação de um passado mais próximo, outras recordações mais antigas.

Os figos
Setembro traz-me à memória também, as minhas subidas ás figueiras, para me empanturrar de figos.
Pela sua produção abundante e por não necessitar praticamente de cuidados, haviam figueiras em quase todos os quintais, em muitos, mais que uma. Sendo uma fruta muito apreciada, os figos de que eu tanto gosto, aqui na minha região, popularmente designam-se simplesmente pelos nomes de; figos brancos, figos pretos e figos verdes. Eu não fazia distinção, comia de qualquer uns. A variedade predominante e mais abundante era a dos figos verdes. 

Figos pretos
Imagem: Amazon.UK
A imagem acima mostra uma variedade de figos "pretos", idêntica aos figos que cresciam em algumas figueiras, nos quintais dos vizinhos e numa figueira enorme, que havia  num terreiro perto da  casa onde eu nasci.

Figos brancos
Os figos brancos eram naquele tempo tal como hoje por aqui, da variedade pingo de mel. Eram poucas as figueiras desta variedade. No quintal dos meus avós existiam duas grandes . Uma delas, por crescer inclinada, era a minha preferida, por ser muito fácil de trepar. Esta é uma fotografia dos dias de hoje, de figos pingo de mel, da minha figueira. 

Figos verdes
Estes figos, são de uma figueira que cresce não no quintal, mas numa bouça, junto à casa onde eu nasci. Talvez seja descendente de uma que o meu pai plantou, quando eu era criança, pois é da mesma variedade. Sinceramente, não sei qual o nome desta variedade de figos. O povo chama-lhes simplesmente figos verdes. Além de outros sítios, no quintal do meu bisavô, haviam desta variedade, três enormes figueiras.

Figos parecidos com os bacorinhos
Imagem: viaggiatore971.blogspot.pt
Havia também no nosso quintal, uma figueira diferente, que eu penso que era bravia (silvestre). Dava uns figos amarelados, pequeninos, mas muito bons, parecidos aos da fotografia acima. Chamavam-lhe figos bacorinhos. Era uma figueira única nas redondezas. Hoje já não existe.

Diz um ditado popular que: 
O figo, para ser bom, deve ter pescoço de enforcado, roupa de pobre e olho de viúva.

Quer isto dizer que o figo para estar bom, deve ter um pedúnculo comprido e murcho, a pele rota (rachada)  e murcha e uma lágrima (o pingo de mel). Estes são os sintomas de uma boa maturação e da altura ideal para se comerem.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

ECLIPSE SOLAR


No passado dia 21 deste mês de Agosto ocorreu  em Portugal  um eclipse parcial do sol.
Este eclipse foi total numa trajectória do Oceano Pacífico ao Atlântico. Atravessou os Estados Unidos no sentido noroeste / sudeste, da costa do Oregon à costa da Carolina do Sul. 
Segundo o que se sabe, na América do Norte não ocorria um eclipse desta forma, desde o  longínquo ano de 1918.

Faixas de percentagem da visibilidade no território norte americano
Imagem: kids.pplware.sapo.pt
O Observatório Astronómico de Lisboa, informava que deveria ser possível observar até 22% de área solar coberta em Portugal continental, e até 33% e 28% na Madeira e Açores, respectivamente.
Um eclipse solar, decorre quando a lua passa entre o planeta Terra e o Sol, cobrindo parcial ou totalmente o disco solar, para quem o observa a partir da Terra. 
Não quis deixar de ficar com uma recordação deste evento, mas quando me lembrei foi perto da hora e quando acabei de montar o tripé para a máquina fotográfica e um filtro solar improvisado, já o eclipse tinha começado.
Ainda consegui tirar algumas fotografias para partilhar aqui no meu blog, com a qualidade que o amadorismo e o meu material fotográfico me permitem.

Estas são algumas das fotografias que tirei com um filtro improvisado.

Eclipse ás 19:53 horas  pouco depois de ter começado. Vista da minha casa.
Em Portugal, este eclipse foi parcial e não se sentiu qualquer alteração na luz solar.. Pela experiencial que tenho, durante um eclipse anular ou total, progressivamente a luz solar vai diminuindo, o dia torna-se escuro iluminado por uma estranha penumbra e sente-se um repentino abaixamento da temperatura. Invade-nos uma estranha e inquietante sensação de desconforto, voltando tudo à normalidade conforme a luz solar vai regressando. 
Devido à diminuição da luz solar, já observei em eclipses anteriores, as galinhas a dirigirem-se para os respectivos poleiros, e depois retornarem à actividade normal, quando a claridade é restabelecida.

 Ás 20:02 horas 

Na região de Guimarães em Portugal, o eclipse parcial começou a ser visível pelas 19:44 horas e deixou de ser visível quando o sol se pôs ás 20:23 horas, com o eclipse ainda a decorrer.


Ás 20:07 horas

Ás 20:12 horas
Estas são fotografias que tirei com a lente sem filtro.
Ás 20:17 horas
Ás 20:19 horas
Ás 20.21 horas

Ás 20:23 horas
O sol "pôs-se" e o eclipse continuou para outras gentes em outras terras, porque a Terra é redonda e não pára de girar. 

domingo, 9 de julho de 2017

Celebração de Nossa Senhora das Candeias. 02

A origem

Celebrou-se no passado dia 2 de Fevereiro o dia de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
A tradição neste dia, mescla o sagrado com o profano, como em muitas das celebrações que acontecem nas festas e romarias de Portugal e um pouco por todo o mundo.
Segundo algumas fontes, as festividades que se realizam neste dia, tem a sua origem durante a antiguidade grega ou romana, dedicado ao deus Pã. Na Irlanda a tradição Celta, diz-nos que esta celebração, tem origem numa festa que celebrava o culto, a uma divindade da sua mitologia: A deusa Brígida. Depois da Irlanda ter sido cristianizada, este dia passou a ser dedicado a Santa Brigida padroeira da Irlanda.
A Igreja Católica celebra neste dia a festa de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
Em qualquer das tradições e das celebrações, antigas ou recentes, o motivo foi e é o mesmo: a celebração da Luz.
Sem pretensões, eis aqui um pequeno resumo de uma pesquisa feita por mim, sobre o que se publicou acerca da origem desta celebração.

Nossa Senhora das Candeias
Imagem: rezairezairezai
A deusa Brígida

Diz a mitologia celta, que a deusa Brígida, nasceu um dia com a primeira luz do amanhecer, pairava sobre a sua cabeça uma coroa de fogo cintilante e empunhava na sua mão, a lança ardente do bem.

Representação da deusa Brígida
Imagem: pinimg.com
Brígida nasceu como a deusa patrona entre outras coisas, do inicio da Primavera, da luz, do fogo do lar, do fogo da forja, da inspiração e poesia, da ferraria, da divinação, da purificação das águas das nascentes e poços e da medicina. Era descendente da família dos deuses patronos das artes pelo fogo. o seu nome provém da lança ardente do bem, que ela  portava numa das mãos e de onde irradiava a luz da inspiração, do conhecimento e da cura. Brígida por onde passava, derramava flores e trevos, transformando a terra num paraíso verde e florido. A Irlanda é conhecida por der um país sempre verde, e o trevo é um dos seus símbolos nacionais.

Brígida florescendo os caminhos
Imagem: spiritbloggerwordpress,com
Segundo a mitologia, Brígida casou-se com um mortal; Bres, rei celta, que andava em guerra com o seu próprio clã. Com este matrimónio, esperava-se que a tensão entre famílias em conflito, pudesse acalmar, mas as hostilidades continuaram a aumentar. Do seu casamento com Bres, além de outros, nasceu o seu filho Ruandan, que perdeu a vida na guerra entre os clãs. Brígida ficou tão perturbada com a morte do seu filho que (diz a tradição) enquanto cantava e chorava sobre o corpo do seu filho, os seus gritos harmónicos eram ouvidos em toda a Irlanda, dando origem à tradição da vigília dos mortos que, nos antigos costumes irlandeses era feita com grande teatralidade e cânticos de melodiosas lamentações.
Brígida, após a morte do seu filho, dedicou-se à protecção das parturientes e à cura dos doentes, especialmente de mulheres e crianças.
Para quem quiser saber mais sobre a vigilia dos mortos, tem em baixo duas ligações, que vale a pena visitar.
https://youtu.be/VLXd2wl2f-Q
https://youtu.be/3qkSNZ3agmI
Estas são também ligações para uma canção que não sendo da vigília dos mortos é também uma canção de lamento, que nunca me canso de ouvir; Oh Danny Boy.
https://youtu.be/_mjW8rSgdDY
https://youtu.be/SfGTq71VXfo
https://youtu.be/8s_jleJFR_M

Magnifico carvalho ancestral
Imagem: oldeuropeanculture.blogspot.pt
Depois destes acontecimentos Brígida construiu junto a um enorme carvalho, (os carvalhos eram consideradas árvores sagradas) que era venerado pelo povo e cuidado pelos druidas, um santuário onde o povo se pudesse dirigir para dar graças e receber apoio. Os druidas eram a classe  de pessoas, encarregadas das tarefas de aconselhamento, do ensino e das leis jurídicas, filosóficas e religiosas, dentro da sociedade celta daquele tempo.

Druida contemplando um pequeno carvalho
Imagem: umla.tumblr.com
Este santuário era tão sagrado que nenhuma arma poderia ser trazida para dentro do seu espaço. Nele foi colocado uma chama perpétua; O fogo sagrado com que Brígida nasceu. O cuidado deste fogo obedecia a um ritual onde dezanove sacerdotisas, uma por cada dia cuidava dele para que nunca se apagasse e no vigésimo dia era a própria Brígida quem cuidava da chama sagrada. 
Para celebrar o culto à deusa Brígida e ao inicio da primavera, foi instituída uma celebração: o “imbolc”. 
O termo Imbolc deriva de “oimelc”, que em Gaélico significa “leite de ovelha”, pois nesse período as ovelhas, vacas e cabras entravam no seu período de lactação e começavam a produzir leite. Isto era um indício claro, da chegada da Primavera para os celtas.

Cartaz alusivo ao Imbolc
Imagem: theseligthfootsteps.com

O Imbolc, celebrava o retorno da luz, a derrota do Inverno, os primeiros sinais da Primavera, o renascimento da natureza e a esperança de dias melhores. É um festival de alegria e luz, para encorajar o retorno do Sol. Também é considerado um "Festival Agrícola", pelo inicio da Primavera e o despertar das sementes sob o solo, simbolizando os primeiros sinais de vida, garantindo a fertilidade dos campos e a renovação das esperanças, porque este nome, também significa o que a natureza guarda no seu ventre, (à espera da Primavera), para oferecer à humanidade. A Primavera, celebrava-se no antigo calendário celta, no primeiro dia de Fevereiro, a meio caminho entre o solstício de Inverno e o equinócio da Primavera.

As flores, Pingos-de-Neve, anunciam a proximidade da Primavera
Imagem: gathervictoria.com 
Segundo a tradição, por essa ocasião, a deusa Brígida visitava os lares, onde os habitantes, tinham uma cama preparada para ela repousar e as mesas postas com o que de melhor tinham. Quem a recebia, era agraciado com as bênçãos aos seus pertences e elas mesmas, recebiam a bênção com seu toque divino.

Arranjo da festa do Imbolc
Imagem: sagegoddess.com
Durante estas celebrações acendiam-se velas para iluminar as casas e fogueiras para iluminar as ruas. Como parte da celebração, faziam-se os rituais da adivinhação do “imbolc”, sendo nessa ocasião, que se pressagiava o futuro. As velas e as fogueiras, eram acesas em reconhecimento da luz perpétua da deusa Brígida. Os poços e nascentes eram dedicados à deusa e nessa altura, em procissão, eram circundados na direcção do sol, com orações a pedir à deusa a purificação das águas e também, sorte e boa saúde. A água era então levada, para se beber em família, para abençoar as casas e para o gado beber. 

Recriação de um desfile durante o imbolc
Imagem: Geograph.org.uk
Com a cristianização da Irlanda, esta tradição foi esmorecendo e Brígida foi mudando de deusa mãe, para mãe virgem e com o correr do tempo , o seu culto foi-se esvaecendo e integrado no culto a Santa Brígida, que foi uma religiosa católica irlandesa, freira e depois abadessa. Mulher inteligente, extremamente piedosa e bondosa. Fundou vários conventos, e é hoje venerada como santa. É uma das padroeiras da Irlanda, festejada no dia 1 de Fevereiro.

Continua...

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Celebração de Nossa Senhora das Candeias. 04

A origem

Celebrou-se no passado dia 2 de Fevereiro o dia de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
A tradição neste dia, mescla o sagrado com o profano, como em muitas das celebrações que acontecem nas festas e romarias de Portugal e um pouco por todo o mundo.
Segundo algumas fontes, as festividades que se realizam neste dia, tem a sua origem durante a antiguidade grega ou romana, dedicado ao deus Pã. Na Irlanda a tradição Celta, diz-nos que esta celebração, tem origem numa festa que celebrava o culto, a uma divindade da sua mitologia: A deusa Brígida. Depois da Irlanda ter sido cristianizada, este dia passou a ser dedicado a Santa Brigida padroeira da Irlanda.
A Igreja Católica celebra neste dia a festa de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
Em qualquer das tradições e das celebrações, antigas ou recentes, o motivo foi e é o mesmo: a celebração da Luz.
Sem pretensões, eis aqui um pequeno resumo de uma pesquisa feita por mim, sobre o que se publicou acerca da origem desta celebração.

Nossa Senhora das Candeias
Imagem: rezairezairezai

Santa Brígida

Santa Brígida da Irlanda
Imagem: catholicsaintmedals.com

Santa Brígida, foi uma religiosa católica irlandesa, freira e depois abadessa. Mulher inteligente, extremamente piedosa e bondosa. Fundou vários conventos, e é hoje venerada como santa. É uma das padroeiras da Irlanda, festejada no dia 1 de Fevereiro.


Representação de uma "Ferraria Medieval"
Imagem: gulfcoastblacksmith.com
Reza a tradição, que em outra homenagem à deusa do fogo, Santa Brígida fundou uma escola de arte, especializada em trabalhos de metal e iluminuras, da qual saíram, alguns dos trabalhos mais impressionantes da época, incluindo o lendário livro de Kildare.

Monges copistas e iluminadores
Imagem: ensinarhistoriajoelza.com.br
Santa Brígida era famosa pelo seu senso comum e acima de tudo pela sua santidade. No seu dia-a-dia, ela era considerada como uma santa. A Abadia de Kildare tornou-se então, num dos mais prestigiados mosteiros da Irlanda, famoso em toda a Europa cristã.

Iluminura com o B de Brígida
Imagem: ensinarhistoriajoelza.com.br
Santa Brígida foi venerada em grande parte devido ao seu trabalho com os pobres e os doentes, particularmente crianças e mulheres.

Monumento a Santa Brígida em Kildare
Imagem: Wikimedia Commons
Vários milagres lhe são atribuídos, nomeadamente, aquele que se conta sobre a transformação da água em leite, para dar a uma criança com fome e o de um barril de leite, por ela enviado para um vilarejo próximo, que não se esvaziou, enquanto todas as crianças do local, não ficaram alimentadas. No final de saciadas as crianças, do mesmo barril passou a jorrar cerveja destinada aos adultos. Diz a tradição, que as vacas de Brígida davam leite três vezes por dia, para satisfazer as necessidades, de todos os pobres dos arredores da Abadia. Por estes milagres que se contam, a arte litúrgica representa-a habitualmente, com uma vaca a seu lado.


Santa Brígida, a sua vaca e o leite para os necessitados.
Imagem: cbladey.com
Conta-se também, que certo dia, dois leprosos se prostraram diante dela, rogando para serem curados. Brígida ordenou-lhes que se banhassem nas aguas da nascente de Kildare e banhando-se, os dois foram curados da lepra. Estes factos e muitos outros, por sua vez induziram o povo a proclamar a sua santidade e veneração. Há por toda a Irlanda poços, conhecidos como “poços de Santa Brígida” e as suas águas, são conhecidas como milagrosas, por promoverem a cura e a boa saúde. O antigo poço de Santa Brígida, próximo da igreja em ruínas, é um local dos mais venerados da Irlanda e ainda hoje atrai peregrinos.

Poço da nascente de Kildare
Imagem: kildare.ie
Santa Brígida, morreu em Kildare, por volta de 525 e foi sepultada num túmulo da igreja do sua abadia. Por volta do ano de 878, as suas relíquias foram levadas para Downpatrick, onde foram sepultadas junto ás de S. Patrício e de S. Columbano. As relíquias dos três santos, foram posteriormente descobertas em 1185. Em 9 de Junho do ano seguinte foram transladadas solenemente, para a Catedral de Downpatrick.

Catedral de Downpatrick.
Imagem: Interact - Discover Northern Ireland
A sua túnica encontra-se no Santuário de São Donato, na Bélgica e um sapato está no Museu de Dublin mas em 1283 foi decidido que a sua cabeça fosse enviada para a Terra Santa. Disso se encarregaram três cavaleiros que transportaram o crânio da Santa com a maior solenidade.
Fazendo escala em Lisboa, não terão tido os modos convenientes a uma perfeita harmonia com as autoridades locais pelo que, entrando em conflito aberto, foram mortos no campo do Lumiar.
O crânio de Santa Brígida ficou como relíquia de grande veneração na capela ali existente e os três cavaleiros foram sepultados em nichos abertos na parede norte do templo.

 Igreja paroquial do Lumiar
Imagem: musgueirasul.wordpress.com
A actual igreja paroquial do Lumiar em Lisboa, datada de 1603, guarda a venerável relíquia e exibe na sua parede norte os três túmulos dos cavaleiros, que ali foram pelejar e morrer.
Há uma Grande devoção a Santa Brígida na Irlanda, onde é conhecida como a "Santa Maria dos Gaélicos". O seu culto foi trazido para a Europa, pelos missionários irlandeses, nos séculos seguintes à sua morte.
As peregrinações acontecem nos santuários a ela dedicados e são tão relevantes hoje como eram antigamente.

S. Columbano, S. Patrício e Santa Brígida
Imagem: ello.co
Santa Brígida, juntamente com S. Patrício e S. Columbano, forma o trio dos santos padroeiros da Irlanda.

Continua...

Portugal que arde

O espectro





   Já fui verde, sombra, frescura
   Filhos cresceram à volta de mim.
   Hoje, negro espectro que apodrece.
   Ciclo de maldade que não tem fim.


   A vida levanta-se de novo a meu lado
   Pudera fazê-lo, se houve-se seiva em mim
   Secou-me o fogo, corroem-me os vermes
   Precoce e triste, a minha, chegou ao fim.


   Lembra-te insensato, que o fogo ateias
   Os teus vindouros dos meus precisarão
   Uns aos outros na jornada se amparam
   Sem seiva, não há vida, nem verde, nem pão.

   M. Machado 07-2017

   A quem brinca com o fogo, sobra loucura e falta vergonha!...
                                                                                                              Ditado popular

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Celebração de Nossa Senhora das Candeias. 03

A origem

Celebrou-se no passado dia 2 de Fevereiro o dia de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
A tradição neste dia, mescla o sagrado com o profano, como em muitas das celebrações que acontecem nas festas e romarias de Portugal e um pouco por todo o mundo.
Segundo algumas fontes, as festividades que se realizam neste dia, tem a sua origem durante a antiguidade grega ou romana, dedicado ao deus Pã. Na Irlanda a tradição Celta, diz-nos que esta celebração, tem origem numa festa que celebrava o culto, a uma divindade da sua mitologia: A deusa Brígida. Depois da Irlanda ter sido cristianizada, este dia passou a ser dedicado a Santa Brigida padroeira da Irlanda.
A Igreja Católica celebra neste dia a festa de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
Em qualquer das tradições e das celebrações, antigas ou recentes, o motivo foi e é o mesmo: a celebração da Luz.
Sem pretensões, eis aqui um pequeno resumo de uma pesquisa feita por mim, sobre o que se publicou acerca da origem desta celebração.

Nossa Senhora das Candeias
Imagem: rezairezairezai

Santa Brígida

Santa Brígida, foi uma religiosa católica irlandesa, freira e depois abadessa. Mulher inteligente, extremamente piedosa e bondosa. Fundou vários conventos, e é hoje venerada como santa. É uma das padroeiras da Irlanda, festejada no dia 1 de Fevereiro.

Santa Brígida da Irland
Imagem: catholicsaintmedals.com
Santa Brígida, recebeu o mesmo nome que, uma das mais poderosas deusas da mitologia celta.
A tradição irlandesa, diz-nos que Santa Brígida deve ter vivido a partir do meio do século V, até ao ao início do século VI. Era filha de Brocca, uma escrava da corte de seu pai, de nome Dubtbach, um rei irlandês de Leinster. A sua mãe, fora convertida e baptizada por São Patrício, o Apóstolo da Irlanda. 
Brígida, que nasceu em 452 (ou 453), próximo de Dundalk, Louth, tinha ouvido, ainda em criança, as pregações de São Patrício e nunca as esqueceu. Estas pregações influenciaram-na profundamente, despertando nela a sua religiosidade. A sua mãe como era uma escrava, foi talvez vendida e descartada da sua vida. Com a partida ou morte da sua mãe, foi-lhe arranjada uma mãe adoptiva que a criou.

S. Patricio. Apóstolo da Irlanda
Imagem: ourcatholicfaithjourney.com
Brígida tinha um coração generoso e nunca recusava nada aos pobres que batiam à porta do seu pai, a pedir esmola. A sua extrema caridade, irritava o seu pai. Pensava ele, que ela estava a ser demasiadamente generosa para com os pobres e necessitados, quando distribuía o seu leite e a sua farinha por todos. Nenhum bem, em sua casa estava seguro, porque ela, tudo dava aos pobres. Vários testemunhos atestam a sua grande piedade.

Santa Brígida na sua juventude
Image: islandlife- inamonastery
Brígida sentiu a necessidade de se entregar à causa da caridade e ao cuidado dos necessitados. Apesar da oposição do seu pai, ela estava determinada a entrar na vida religiosa. Um dia, quando ela deu uma das suas jóias a um leproso, o seu pai percebeu, que talvez fosse o mais adequado para sua filha a vida de freira. Brígida, viu finalmente o seu sonho concretizar-se. Recusando pedidos de casamento, ela ingressou numa ordem religiosa e professou os votos, de dedicar a sua vida aos necessitados e a Cristo. A partir de então, são numerosas as histórias e lendas sobre a sua vida. Recebeu de São Macaille o véu de consagração.
Mudou-se para Druin Criadh, nas planícies de Magh Life, onde, junto a um enorme carvalho, fez erigir o seu famoso Convento de Ciull-Dara, que significa, 'A Igreja do Carvalho'.

Convento de Kildare ou Ciull-Dara, que significa, 'A Igreja do Carvalho'.
Imagem: Wikimédia Commons
O nome Ciull-Dara, provavelmente por corruptela, foi mudando para Kildare, onde cerca de 470, fundou a Abadia de Kildare, um duplo mosteiro, para freiras e monges, tornando-se a primeira abadessa da Irlanda no final do século V.
Diz-se que ela escolheu este lugar, para seguir o trabalho e tradição, da deusa, com o seu nome, assumindo a chama perpétua, como um símbolo da luz do novo cristianismo, que ainda era tão estranho para os irlandeses.


Continua...