domingo, 9 de julho de 2017

Celebração de Nossa Senhora das Candeias. 02

A origem

Celebrou-se no passado dia 2 de Fevereiro o dia de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
A tradição neste dia, mescla o sagrado com o profano, como em muitas das celebrações que acontecem nas festas e romarias de Portugal e um pouco por todo o mundo.
Segundo algumas fontes, as festividades que se realizam neste dia, tem a sua origem durante a antiguidade grega ou romana, dedicado ao deus Pã. Na Irlanda a tradição Celta, diz-nos que esta celebração, tem origem numa festa que celebrava o culto, a uma divindade da sua mitologia: A deusa Brígida. Depois da Irlanda ter sido cristianizada, este dia passou a ser dedicado a Santa Brigida padroeira da Irlanda.
A Igreja Católica celebra neste dia a festa de Nossa Senhora das Candeias, ou Nossa Senhora da Luz.
Em qualquer das tradições e das celebrações, antigas ou recentes, o motivo foi e é o mesmo: a celebração da Luz.
Sem pretensões, eis aqui um pequeno resumo de uma pesquisa feita por mim, sobre o que se publicou acerca da origem desta celebração.

Nossa Senhora das Candeias
Imagem: rezairezairezai
A deusa Brígida

Diz a mitologia celta, que a deusa Brígida, nasceu um dia com a primeira luz do amanhecer, pairava sobre a sua cabeça uma coroa de fogo cintilante e empunhava na sua mão, a lança ardente do bem.

Representação da deusa Brígida
Imagem: pinimg.com
Brígida nasceu como a deusa patrona entre outras coisas, do inicio da Primavera, da luz, do fogo do lar, do fogo da forja, da inspiração e poesia, da ferraria, da divinação, da purificação das águas das nascentes e poços e da medicina. Era descendente da família dos deuses patronos das artes pelo fogo. o seu nome provém da lança ardente do bem, que ela  portava numa das mãos e de onde irradiava a luz da inspiração, do conhecimento e da cura. Brígida por onde passava, derramava flores e trevos, transformando a terra num paraíso verde e florido. A Irlanda é conhecida por der um país sempre verde, e o trevo é um dos seus símbolos nacionais.

Brígida florescendo os caminhos
Imagem: spiritbloggerwordpress,com
Segundo a mitologia, Brígida casou-se com um mortal; Bres, rei celta, que andava em guerra com o seu próprio clã. Com este matrimónio, esperava-se que a tensão entre famílias em conflito, pudesse acalmar, mas as hostilidades continuaram a aumentar. Do seu casamento com Bres, além de outros, nasceu o seu filho Ruandan, que perdeu a vida na guerra entre os clãs. Brígida ficou tão perturbada com a morte do seu filho que (diz a tradição) enquanto cantava e chorava sobre o corpo do seu filho, os seus gritos harmónicos eram ouvidos em toda a Irlanda, dando origem à tradição da vigília dos mortos que, nos antigos costumes irlandeses era feita com grande teatralidade e cânticos de melodiosas lamentações.
Brígida, após a morte do seu filho, dedicou-se à protecção das parturientes e à cura dos doentes, especialmente de mulheres e crianças.
Para quem quiser saber mais sobre a vigilia dos mortos, tem em baixo duas ligações, que vale a pena visitar.
https://youtu.be/VLXd2wl2f-Q
https://youtu.be/3qkSNZ3agmI
Estas são também ligações para uma canção que não sendo da vigília dos mortos é também uma canção de lamento, que nunca me canso de ouvir; Oh Danny Boy.
https://youtu.be/_mjW8rSgdDY
https://youtu.be/SfGTq71VXfo
https://youtu.be/8s_jleJFR_M

Magnifico carvalho ancestral
Imagem: oldeuropeanculture.blogspot.pt
Depois destes acontecimentos Brígida construiu junto a um enorme carvalho, (os carvalhos eram consideradas árvores sagradas) que era venerado pelo povo e cuidado pelos druidas, um santuário onde o povo se pudesse dirigir para dar graças e receber apoio. Os druidas eram a classe  de pessoas, encarregadas das tarefas de aconselhamento, do ensino e das leis jurídicas, filosóficas e religiosas, dentro da sociedade celta daquele tempo.

Druida contemplando um pequeno carvalho
Imagem: umla.tumblr.com
Este santuário era tão sagrado que nenhuma arma poderia ser trazida para dentro do seu espaço. Nele foi colocado uma chama perpétua; O fogo sagrado com que Brígida nasceu. O cuidado deste fogo obedecia a um ritual onde dezanove sacerdotisas, uma por cada dia cuidava dele para que nunca se apagasse e no vigésimo dia era a própria Brígida quem cuidava da chama sagrada. 
Para celebrar o culto à deusa Brígida e ao inicio da primavera, foi instituída uma celebração: o “imbolc”. 
O termo Imbolc deriva de “oimelc”, que em Gaélico significa “leite de ovelha”, pois nesse período as ovelhas, vacas e cabras entravam no seu período de lactação e começavam a produzir leite. Isto era um indício claro, da chegada da Primavera para os celtas.

Cartaz alusivo ao Imbolc
Imagem: theseligthfootsteps.com

O Imbolc, celebrava o retorno da luz, a derrota do Inverno, os primeiros sinais da Primavera, o renascimento da natureza e a esperança de dias melhores. É um festival de alegria e luz, para encorajar o retorno do Sol. Também é considerado um "Festival Agrícola", pelo inicio da Primavera e o despertar das sementes sob o solo, simbolizando os primeiros sinais de vida, garantindo a fertilidade dos campos e a renovação das esperanças, porque este nome, também significa o que a natureza guarda no seu ventre, (à espera da Primavera), para oferecer à humanidade. A Primavera, celebrava-se no antigo calendário celta, no primeiro dia de Fevereiro, a meio caminho entre o solstício de Inverno e o equinócio da Primavera.

As flores, Pingos-de-Neve, anunciam a proximidade da Primavera
Imagem: gathervictoria.com 
Segundo a tradição, por essa ocasião, a deusa Brígida visitava os lares, onde os habitantes, tinham uma cama preparada para ela repousar e as mesas postas com o que de melhor tinham. Quem a recebia, era agraciado com as bênçãos aos seus pertences e elas mesmas, recebiam a bênção com seu toque divino.

Arranjo da festa do Imbolc
Imagem: sagegoddess.com
Durante estas celebrações acendiam-se velas para iluminar as casas e fogueiras para iluminar as ruas. Como parte da celebração, faziam-se os rituais da adivinhação do “imbolc”, sendo nessa ocasião, que se pressagiava o futuro. As velas e as fogueiras, eram acesas em reconhecimento da luz perpétua da deusa Brígida. Os poços e nascentes eram dedicados à deusa e nessa altura, em procissão, eram circundados na direcção do sol, com orações a pedir à deusa a purificação das águas e também, sorte e boa saúde. A água era então levada, para se beber em família, para abençoar as casas e para o gado beber. 

Recriação de um desfile durante o imbolc
Imagem: Geograph.org.uk
Com a cristianização da Irlanda, esta tradição foi esmorecendo e Brígida foi mudando de deusa mãe, para mãe virgem e com o correr do tempo , o seu culto foi-se esvaecendo e integrado no culto a Santa Brígida, que foi uma religiosa católica irlandesa, freira e depois abadessa. Mulher inteligente, extremamente piedosa e bondosa. Fundou vários conventos, e é hoje venerada como santa. É uma das padroeiras da Irlanda, festejada no dia 1 de Fevereiro.

Continua...

5 comentários:

  1. En Finlandia somos principalmente luteranos y nos faltan todos los ritos de los católicos. No he visitado Portugal, pero España sí. En Septiembre voy una vez más a Barcelona que celebra La Mercè. He visto las celebraciones ya antes y me encanta lo religioso junto con lo profano.
    ¡Qué tengas feliz día!

    ResponderEliminar
  2. Olá Riitta!
    Obrigado pelo seu comentário.
    Todas as religiões são boas, quer tenham mais ou menos ritos o essencial é que nos ensinem a amar a Deus, ao próximo e a natureza.
    Boa semana.

    Manuel

    ResponderEliminar
  3. This is an enjoyable and very interesting post Manuel. The illustrations are beautiful. Thank you and also thank you for visiting my blog and leaving such a nice comment :)

    ResponderEliminar
  4. Very interesting and detailed account of the blending of mythology and Christian traditions.

    ResponderEliminar